Sardenberg constrange o Sistema Globo

  

O jornalista Carlos Alberto Sardenberg irá em breve ser demitido. É o temor que nos assalta ao ler a coluna publicada nesta quinta-feira (5) no jornal O Globo. Sardenberg é um ético de quatro costados. Vive confrontando seus patrões falando em ética, o que em O Globo é como falar de corda em casa de enforcado. 



Na coluna mencionada nesta nota, Sardenberg de novo volta ao tema “incômodo”. Cita diversos casos de políticos japoneses que renunciam assim que seus nomes saem em jornais com alguma acusação. Ressalta Sardenberg que as renúncias não dependeram de provas: “reparem de novo: a denúncia saiu na imprensa, não há processo legal, nenhuma acusação nos tribunais”. Fiquei pensando aonde o astuto jornalista queria chegar e de repente tudo ficou claro! Sardenberg está mandando um recado indireto ao sistema Globo. Como se sabe, para fraudar o fisco na compra dos direitos da Copa do Mundo de 2002, a TV Globo fez uma operação em um paraíso fiscal causando um prejuízo de mais de 1 bilhão de reais aos cofres públicos (se corrigido pela poupança o valor que a Globo sonegou alcança hoje 1,1 bilhão).

Sardenberg, o destemido

Veja aqui os detalhes da escabrosa história revelada pelo jornalista Miguel do Rosário em 2013. Pego com a boca na botija, o sistema Globo conseguiu que a funcionária da receita federal Cristina Maris Meinick Ribeiro sumisse com o processo! Com o escândalo denunciado pela blogosfera Cristina foi presa, condenada e perdeu o cargo público. Atualmente recorre em liberdade. O processo reapareceu e o sistema Globo, em uma confissão implícita do dolo, alega que já pagou a dívida, mas ninguém acredita, nem a receita, que não paralisou o processo. Como a TV Globo é uma concessão pública e o sistema que detêm a concessão (sistema Globo) cometeu um crime desta monta, só temos duas alternativas, ou a Globo devolve a concessão ou o poder público deve tomar esta providência. E Sardenberg disse tudo isso de forma sutil! Mais sutileza: Sardenberg termina com uma forte estocada no coração do sistema Globo: “No Japão, se o cara renuncia por causa de uma doação possivelmente suspeita de R$ 24 mil, o que faria apanhado numa Lava-Jato?”. Notem que ele cita a “Lava a Jato” como clara tática diversionista para não se expor desnecessariamente perante os patrões, já que na Lava a Jato todo mundo fala, não se fala é na sonegação da Globo e Sardenberg é um jornalista que foge do senso comum. O que ele na verdade quer dizer é: “se o cara renuncia por causa de uma doação de R$ 24 mil, como é possível uma empresa continuar concessionária pública tendo cometido uma fraude de mais de 1 bilhão?”. É muito destemido este Sardenberg.

Globo e o caso NEC

A cruzada de Sardenberg em defesa da ética nos fez recordar também o caso NEC. Quem resgatou recentemente os fatos, no Diário do Centro do Mundo, foi o jornalista Joaquim de Carvalho, que trabalhou, entre outros lugares, na TV Globo(Jornal Nacional) e na revista Veja. Joaquim conta a edificante história que, com certeza, deixa o Sardenberg de cabelo em pé: “na Nova República, com Tancredo Neves, Roberto Marinho ampliou seu raio de ação, ao nomear o próprio ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, decisivo num episódio de disputa comercial. Marinho queria o controle da NEC, a empresa que vendia equipamentos para o sistema de telecomunicações brasileiro, a antiga Telebrás, mas o dono, um empresário duro na queda, não queria vender. Por decisão de Antônio Carlos Magalhães, a Telebrás deixou de comprar equipamentos da NEC e asfixiou a empresa”.

Globo e o caso NEC II

Continua Joaquim: “Ao mesmo tempo os veículos da Globo – jornal, rádio e TV – moviam uma campanha de notícias negativas contra o empresário que se opunha a Roberto Marinho na disputa pelo controle da NEC. O empresário chegou a ter sua prisão preventiva decretada antes de receber em sua casa, no bairro do Morumbi, em São Paulo, um emissário da Globo, para assinar o termo de rendição: o contrato em que vendia por 1 milhão de dólares o controle da NEC. Pouco tempo depois, quando, por decisão de Antônio Carlos Magalhães, o governo voltou a comprar produtos da empresa, a NEC já valia mais de 350 milhões de dólares, em dinheiro da época. Dois fatos relevantes: o emissário de Roberto Marinho nesse encontro no Morumbi era o filho do então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, funcionário da Globo, e a família de Antônio Carlos Magalhães recebeu, alguns meses depois, o contrato de afiliada da rede no Estado da Bahia”. Realmente, não sabemos como o Sardenberg, tão ético, consegue trabalhar neste ambiente.

Diário do Povo em português

Diário do Povo, maior e mais influente jornal da China, não só abriu escritório no Brasil – fica no Rio de Janeiro que chinês não é bobo – como está agora com sua página também em português e mais nove idiomas: Chinês (óbvio), Inglês, Francês, Russo, Espanhol, Japonês, Árabe, Alemão e Coreano. Esta é sem dúvida uma excelente notícia, pois o Diário do Povo em português será uma importante fonte alternativa às pasteurizadas notícias e análises das agências pró imperialistas. O Portal Vermelho será um parceiro do Diário do Povo online e jápublicou hoje, como manchete, uma matéria tendo como fonte este importante veículo.

Lampreia, apóstolo da diplomacia dos pés descalços, ataca a Venezuela

Existia um tempo, como certa vez recordou Chico Buarque, em que o Brasil falava grosso com a Bolívia e fino com os EUA. A chamada diplomacia dos pés descalçosera a síntese de uma nação sem projeto de desenvolvimento soberano. Mas de vez em quando, ainda hoje, o ex-ministro das Relações Exteriores de FHC, Luiz Felipe Lampreia, ressurge de seu merecido ostracismo para vociferar antigas platitudes. Em coluna publicada em O Globo nesta quinta-feira (5), Lampreia critica a Venezuela, o que é moda entre os “coxinhas” nativos. Aliás, o argumento do ex-ministro é exatamente o mesmo que 99% dos “coxinhas” usa para justificar quatro eleições presidenciais perdidas no Brasil. Diz Lampreia que “o presidente (Nicolás Maduro) tem atualmente apenas uma aprovação de cerca de 20% e esta margem provem justamente dos beneficiários dos programas de apoio social”.

A estranha democracia de Lampreia

O saudoso presidente Hugo Chávez (que depois de morto Lampreia reconhece que tinha “um grande carisma”, antes de morrer provavelmente era um “ditador populista”) instituiu o referendo revogatório, onde o presidente, se a população assim o desejar, pode ter o mandato revogado antes de seu término. O chavismo, em 15 anos, enfrentou nada menos do que 19 eleições nacionais, vencendo em 18 delas. Mesmo assim, para Lampreia, “o governo de Maduro não se enquadra” nas normas do “que é uma democracia”, e acusa o governo Dilma de omissão. Não vamos tripudiar sobre esta opinião. O ex-ministro é um homem de convicções firmes e uma delas é especialmente inabalável: obedecer sempre aos ditames da política externa estadunidense. Mas hoje ele só dirige o ministério de relações exteriores da página de opinião de O Globo. Felizmente, só assim nossos chanceleres vão continuar com seus sapatos e o Brasil com sua dignidade.

Nossa homenagem ao comandante Hugo Chávez

Há dois anos, no dia cinco de março, falecia Hugo Chávez, o comandante da Revolução Bolivariana, presidente da República e líder do Partido Socialista Unificado da Venezuela. Deixou um vazio imenso, que os líderes atuais, sob a direção do presidente Nicolás Maduro, esforçam-se por preencher”. Assim começa a coluna do editor do Portal Vermelho, José Reinaldo Carvalho, publicada nesta quinta-feira (5) em homenagem ao inesquecível líder venezuelano. Juntamo-nos a esta homenagem divulgando este vídeo onde Chávez desmoraliza o repórter da Globo. Presidenta Dilma, dê uma olhada!




Mudança de tom

Ilimar Franco publica com destaque nesta quinta-feira (05) em sua coluna no jornalO Globo, a seguinte declaração de uma personalidade política: “A investigação não é sequer um indiciamento. Não se pode punir ninguém com base num inquérito”. Até há uma semana atrás, qualquer pessoa arriscaria dizer que esta seria uma declaração típica de um político governista que está na defensiva, mas quem disse isso foi o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes. E Ilimar Franco informa que “os líderes da oposição avaliam que a situação será muito incômoda. Eles vão ser pressionados a cortar a cabeça de quem sequer foi indiciado. A leitura nas ruas é a de que a lista é de julgados e condenados”. Vamos aguardar a anunciada liberação da lista, mas como disse o Barão de Itararé, “há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira”.

Esquecimento

Um fato relevante que nesta quinta-feira (5) está ocupando comentaristas políticos é o possível aparecimento do nome do senador Aécio Neves como tendo sido mencionado por um dos delatores da Operação Lava a Jato, apontando o envolvimento de Aécio na famosa Lista de Furnas, onde seu nome (dele Aécio) realmente aparece. A lista é de conhecimento público e era assinada pelo então presidente de Furnas (nomeado por FHC). Mas as notícias dão conta de que, apesar da menção, o procurador geral decidiu que não havia elementos para pedir a instalação de inquérito contra o senador e candidato derrotado nas eleições presidências de 2014. Pois não é que o Merval Pereira, que assim como os Zumbis também é imortal e qualquer dia escreve até um livro, fala – como sempre – “que o PT está na berlinda mais uma vez na investigação do Petrolão”, mas não toca no nome do Aécio? Deve ter sido esquecimento na pressa de fechar a coluna.

A coluna Notas Vermelhas de hoje contou com as contribuições dos jornalistas Thiago Cassis e Mariana Serafini.

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